quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Amor, palavra de ordem nos meus suspiros...
as palavras estão todas soltas,
vontade, desejo, saudade, solidão, carinho, esperança, coragem...
essas palavras enfraquecidas de corporeidade, todas elas meio papelanizadas,
com suas forças violadas, deslocadas...
Amor meio novela das oito, meio filme cult, meio vinicius de moraes também, mas meio bukowski não,
nem meio kundera na insustentável leveza do ser
Quero sustentar leveza, esse é meu imperativo no momento!
Só que isso é coisa que se inventa, coisa se cria, coisa que se partilha, coisa que nem coisa é, mas é coisa de dois, pode até ser de três, de quatro...
Amor, chegue mais perto,
vem com braços, cheiros, vem com passos, começando traços,
sem vergonha de ser piegas, clichê, brega e tudo aquilo que aparentemente se despreza,
vem assim, simples, simples de tudo, sem métrica, rima, sem vanguardas...
só se sendo, quem sabe assim se sendo você se fosse pra estrada e me visse aqui desesperada de desejo de que a gente sêsse de novo mais um pouco...






segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Há momentos em que a saudade dói tanto que é preciso lembrar de esquecer, esquecer de lembrar, como diz a música. O viver é uma crônica que se tece dia-a-dia de mãos dadas a um coletivo de detalhes. Por ora, meus detalhes mais fundamentais dos últimos dez anos estão quietos e guardados em um pedacinho de sonho que um dia fora compartilhado. Não me queixo. Desabafo. E teimo nisso. Busco logo outros coletivos de detalhes para se envolverem com esses antigos. Tento lembrar de produzir diariamente sentidos para a minha caminhada, são eles que me fazem andar, permanecer, encontrar as duras penas de uma escolha, e ainda assim sentir-se merecedora desse movimento.

com amor, agradeço!



Enquanto caminha a barca,
sigo o meu caminho,
sento no mato,
olho o mar,
a ponte,
e sinto minha vista um pouco turva,
sinto felicidade e privilégio,
agradeço e aprendo,
mas minha solidão me conta algo de novo,
ela aparece quando quero compartilhar
as coisas belas que meus olhos veem,
é como se ela dissesse:
Seus olhos e seu corpo não são os únicos merecedores de tamanha beleza.

Uma tarde mirando a baia de guanabara.



terça-feira, 25 de junho de 2013

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
Fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
Tenho outras de ser sozinha.



 Cecília Meireles

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Fechei o portão da minha casa e dei um beijo nos meus três gatos. Cada beijo teve um sabor diferente, mas eu sabia claramente que estava me despedindo de um deles por um tempo maior que dos outros. Fechei o portão e fui pra estrada. Cai no mesmo lugar que há 13 anos eu visito, onde eu sempre sou feliz, onde eu sempre sou atravessada por intensidades encantadoras e de onde eu sempre trago uma marca que fica tatuada no meu corpo mais que as outras. Essa viagem que fiz parece uma daquelas histórias divisoras de águas na vida de alguém, histórias que nos cruzam de forma tão caótica e inesperada que acabam por gerar uma necessidade inevitável de mudança de caminho. Depois de misturar em um pouco mais de 40 dias 6 letras de estados, de  estrada, de pessoas, de poemas, de possibilidades, de vontade e sobretudo de coragem para enxergar tudo isso, meu corpo ficou mole, amoleceu de alegria, desacelerou e agora me diz pra ficar quieta e voltar pra casa. Voltar para arrumá-la de novo, para por novamente as coisas nas caixas e dar outros beijos de saudade e despedida. Esse tempo todo que fiquei fora de casa, fora dessa menina enraizada em algumas ideias e valores, que são importantes é claro, mas que às vezes enraízam tanto que me impedem de ver o mundo com certa instabilidade e não temer isso, esse tempo todo me ajudou a escrever muito. Escrevi poemas internos por cada rua, cada bar, cada casa por onde passei, junto de cada olhar de quem me olhou e me viu, e de quem me olhou e não me viu. Um montão de poemas boêmios, cheios de álcool, de amor, de coragem, de desprendimento, de risadas, muitas risadas. Dancei tanto, tanto, que acho que descobri nesses caminhos a minha "tarab" árabe, descobri um pedacinho do tipo de força em que devo acreditar quando danço meu ventre. Dancei sem vergonha e com uma vontade sem vergonha de gritar "eu existo" e de me jogar na primeira estrada que me convidasse. Tive e não tive medo. Estou e não estou com medo. Quero e quero muito. Foram nessas estradas que comecei a minha despedida do "céu de uma cidade do interior".


"Vamos, nina"