Hoje eu estava pensando em quantas vezes eu digo "ai que absurdo" durante o dia. Saio de casa, olho pro trânsito e: "ai que absurdo". Vou pro trabalho, escuto alguns absurdos e outras coisinhas e: "ai que absurdo". Ando pelas ruas, vejo as publicidades e: "ai que absurdo". Vejo um panfleto que incita à violência contra a diversidade sexual e: "ai que absurdo". Volto pra casa, ligo a tv por alguns minutos durante o jornal daquela emissorazinha caluniosa e: "ai que absurdo". Resolvo ir para um bar, tomar uma cerveja, fumar um cigarro e: vai lá pra fora fumar! e: "ai que absurdo". Vou no mercado, vejo os preços e os produtos agrointoxicados e: "ai que absurdo". Vou amar, e...: "ai que absurdo". Ando por aí, procuro uma praça para sentar e curtir uma bobagem pessoal qualquer, quando os olhos de alguém diz: "ai que absurdo". Ainda voltando pra casa vejo a guarda municipal, a polícia militar e homens milico exibindo armas em sua cintura para tomar um café na padaria e: "ai que absurdo". Vou numa festa e a entrada é 10,00 e a cerveja é 5,00: "ai que absurdo". Resolvo escutar um chorinho, quando alguém diz que 22h é a hora que a alegria cessa, e é hora de violões, pandeiros, vozes e felicidade se silenciarem: "ai que absurdo".
Sabe, tem muita desimportância importando por aí. Neste momento, pessoas gritam qualquer coisa, uns nem se olham nos olhos. Hoje uma mulher me olhou nos olhos e disse: Você acha que eu minto?. Eu vi por ela a mentira dos meus. Quando acordo cansada, com sutis olheiras da minha joven vida, penso por onde o meu andar tá me levando. O que se pode fazer, meu bem? pega na minha mão e me carrega um pouquinho por aí, a ver passarinhos, a ver verdurinhas verdes, a sentar na graminha, a cantar bonitinho com mão passando na cabeça. Mais, e mais que isso, me leva um pouquinho a um esquecimento que dê passagem às minhas memórias gostosas e felizes da infância, quando eu roubava cenouras e couves na hortinha da escolinha. Ai que lugarzinho tão perto de mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário