Nada posso fazer a não ser por mim.
O que eu me fiz hoje, depois de tanta suposta beleza?
Migalhas de lembranças, de sonhos, de desejo, de trocas e descobertas, estão por aí, pelo quarto, pela sala, pela cozinha, nos meus lençóis, nas ruas da cidade, nos bares, nas feiras, pra todo lado.
Preciso ser passarinho pra recolher isso e fazer um ninho. Um lugar pra eu dormir e nascer de novo.
Tenho tanta coisa por dizer, por fazer, mas estou invadida por indignações. Hoje eu queria que o “se” da nossa história existisse. Tô escura, não enxergo nada além dos pedacinhos esparramados do que eu sou. Peguem pra mim por favor, peço-lhes ajuda.
Corte o meu cabelo,
recomponha meu corpo,
ilumine minhas idéias,
conta como eu sou.
Pinta minhas unhas,
coloque um anel no meu dedo,
me vista um belo vestido de flores,
me tira pra dançar,
me passe um batom,
espirra um pouquinho de perfume, vai.
Tira uma foto de mim,
me conta se eu sou bonita,
se tenho leveza,
boas idéias,
esperanças e coragem.
Fala tudo se for verdade.
Arruma minha maquiagem,
diz se meus olhos são profundos,
se meu sorriso é bonito.
Vai tirando dos meus ombros essa montanha de covardia.
Esconde um pouquinho das tristes marcas que eu me faço.
Imagem: Abbas Kiarostami-From Trees and crows 2006
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