sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Tem um holocausto na minha garganta,

não sei nem pra quem falar e nem quem ouvir.

Tô demasiado irônica com quem não devia,

e sinto que garimpo mais e mais a solidão.

Estou num aterrorizante encontro comigo mesma.

Uma dor, nunca vem só, e isso parece ser a coisa mais sábia dos últimos tempos.

Será que eu vou virar amargor? Essa palavra existe?

Como faço pra cortar meus cabelos? Não tô achando a tesoura.

E mais que isso, nem com a chavinha ensanguentada nas mãos eu estou...

Faz tempo que eu abri essa porta. Esse sangue já coagulou.

Já recolhi ossos, já limpei, já dancei com esses ossos todos.

Meus muros não são mais de tijolos da infância,

hoje eles são permeáveis demais, qualquer poeirinha maldita consegue olhar direto nos meus olhos.

A cada mil miados dos meus gatos saem mil lágrimas da minha alma.

E olha, vou te dizer uma coisa, esses bichos de quatro patas correm mesmo atrás de mim.

Ao invés de correr com eles, tô quase quase correndo é deles.


Um comentário:

Herbert disse...

deixa a chave pra lá. tem hora acho que a gente deve fingir que não existe chave nenhuma, porque chaves lembram de portas. e portas abrem e fecham também. o sangue passa por todo o corpo, ele não precisa de chave pra sangrar